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Sérgio Cabelera

domingo, 9 de outubro de 2016

Nas urnas, Irará Ratifica o GOLPE



            As Eleições Municipais 2016 imprimem grandes lições Brasil afora. Incluindo-se Irará.

A vitória eleitoral conquistada pelo candidato do DEM (25), Juscelino Souza, surpreendeu grande parte, quiçá a maioria, dos cidadãos e cidadãs iraraenses, inclusive correligionários seus. A tensa apreensão defronte ao Fórum Cândido Viana durante a apuração mostrava isso.

A eleição de 2016, em Irará, me recordou, e muito, aquela do ano 2000 quando o candidato eleito então (MARITO) era tido como inequivocamente derrotado. Ao final deu-se o contrário e apenas quatro anos mais tarde ele sairia derrotado nas urnas.

Vale aqui lembrarmos algumas coisas desses pleitos.

Primeiro, recordemo-nos de que no ano de 1996, final do segundo mandato do querido e respeitado Chico de Beto, o discurso da campanha oposicionista era que Irará precisava mudar, romper o ciclo de dobradinhas Chico-Marito-Chico, iniciado ainda com João Lopes que passou a cadeira para Chico e que tinha em Marito um eficiente operador político e contábil.

Pois bem, naquela conjuntura de 96 surge um grupo idealista formado por jovens empresários locais, filhos da terra, denominado Grupo Renova. Desde então as campanhas eleitorais da terra da farinha nunca mais foram as mesmas, há inclusive os que chamam aquela eleição de Antônio Campos, o homem do campo, como a última campanha “romântica” de Irará. Desde lá, esse mesmo grupo já fez três prefeitos e, como em 2000, sai derrotado nas urnas em 2016.
        Mas precisamos ir além desse contexto local e avançar em direção a questões nacionais que envolvem o mais que controverso processo do impeachment e, atrelada a ele, a, não menos contraditória, operação Lava Jato que só tem olhos e mecanismos de investigação, prisão e criminalização para uma pequena parcela dos partidos políticos brasileiros, notadamente o Partido dos Trabalhadores. O mesmo se dá com relação aos denunciados e punidos, quase em sua totalidade oriundos dessa mesma sigla. Parece nos tentar convencer que a corrupção em nosso país teve data de início (quando o referido partido assume a presidência da república) e terá sua data de encerramento decretada quando a sigla PT estiver extirpada dos cenários políticos nacionais...

        Enfim, há quem nisso creia...

        Irará não está isolado do restante do Brasil, ou do mundo. Ao contrário e cada dia mais, se encontra inserido num contexto mais e mais global e que por isso mesmo torna-se a cada dia palco de embates, na maioria das vezes ignorados por sua população que não se apercebem do que ocorre à sua volta.

Assim também ocorre no campo político-eleitoral. Quando votamos em um candidato de determinado partido, isso sinaliza para aqueles que estão no poder que nós apoiamos as suas práticas, com os seus posicionamentos quanto às questões que envolvem as prioridades político-administrativas dos nossos governos. O voto em um ou outro candidato a prefeito, e mesmo vereador, implica, ainda que não tenhamos essa intenção (falta de consciência política), no reforço ao apoio eleitoral a eles, mesmo porque é no município que todos buscam o apoio do eleitorado - o sue voto!!

O momento que vivemos hoje no nosso país é dos mais graves de sua jovem História e vem se configurando também como dos mais agressivos em relação à dilapidação de uma grande gama de direitos fundamentais da pessoa humana, do cidadão, do trabalhador... Nesse sentido, com pesar, percebemos que a leitura feita no pleito eleitoral municipal (e isso não ocorreu apenas em Irará) não considerou tais aspectos e, ainda que sem a devida noção, termina por ratificar tal cenário.

Em outras palavras, o eleitor municipal ao exercer o seu direito de votar, não parece ter refletido as mudanças graves que veem sendo implantadas e/ou em andamento por parte do governo (golpista) que usurpou a administração federal e que vem passando por cima de uma gama de conquistas tão duramente alcançadas nas últimas décadas, notadamente na última mais recente.

Essa situação não chega a surpreender, pois ela tem sido plantada com muito afinco pelas elites dominantes dos meios de comunicação e produtivos, vendendo a ideia de que a política brasileira não tem jeito e que todos são iguais. Isso ainda reforçado por uma avalanche de informações distorcidas, parciais e, até, criminosas, que maquiam o nosso cenário político contribuindo ainda mais fortemente para a completa despolitização da nossa população. Estratégia que se repete, 50 anos depois daquele 1º de Abril de 1964...

Ao ir às urnas o eleitorado certamente não avaliou a sinalização apontada pelo recém empossado governo federal (que ali chegou por meio de uma manobra jurídico-política, um GOLPE) no sentido de reduzir direitos, congelar salários e investimentos nas áreas da saúde, educação e assistência social, bem como o abandono à política de valorização crescente do salário mínimo.

Esse é o pesado custo da nossa incúria política e social. Da nossa sobrevalorização do capital financeiro em detrimento do capital social.

Mas, ao término desse processo, ou com o seu aprofundamento, quem mais irá sentir? Nos ombros de quem cairá o fardo?

Irará ratifica o GOLPE...

Enfim, bola pra frente.


Aguardemos os próximos capítulos.

Crônicas Carobenses - A verdade dói

Rapaiz... qui trabai damiséra é esse??!!! Cuma é qui adispois de mais de trinta ano, me vem essa história de Terra toda Plana!?? Inda...