As Eleições Municipais 2016 imprimem grandes lições
Brasil afora. Incluindo-se Irará.
A vitória eleitoral conquistada pelo candidato do DEM
(25), Juscelino Souza, surpreendeu grande parte, quiçá a maioria, dos cidadãos
e cidadãs iraraenses, inclusive correligionários seus. A tensa apreensão
defronte ao Fórum Cândido Viana durante a apuração mostrava isso.
A eleição de 2016, em Irará, me recordou, e muito, aquela
do ano 2000 quando o candidato eleito então (MARITO) era tido como inequivocamente
derrotado. Ao final deu-se o contrário e apenas quatro anos mais tarde ele sairia
derrotado nas urnas.
Vale aqui lembrarmos algumas coisas desses pleitos.
Primeiro, recordemo-nos de que no ano de 1996, final do
segundo mandato do querido e respeitado Chico de Beto, o discurso da campanha
oposicionista era que Irará precisava mudar, romper o ciclo de dobradinhas
Chico-Marito-Chico, iniciado ainda com João Lopes que passou a cadeira para
Chico e que tinha em Marito um eficiente operador político e contábil.
Pois bem, naquela conjuntura de 96 surge um grupo
idealista formado por jovens empresários locais, filhos da terra, denominado Grupo Renova. Desde então as campanhas
eleitorais da terra da farinha nunca mais foram as mesmas, há inclusive os que
chamam aquela eleição de Antônio Campos, o
homem do campo, como a última campanha “romântica” de Irará. Desde lá, esse
mesmo grupo já fez três prefeitos e, como em 2000, sai derrotado nas urnas em
2016.
Mas precisamos ir além desse contexto
local e avançar em direção a questões nacionais que envolvem o mais que
controverso processo do impeachment e,
atrelada a ele, a, não menos contraditória, operação Lava Jato que só tem olhos e mecanismos de investigação, prisão e
criminalização para uma pequena parcela dos partidos políticos brasileiros,
notadamente o Partido dos Trabalhadores. O mesmo se dá com relação aos
denunciados e punidos, quase em sua totalidade oriundos dessa mesma sigla.
Parece nos tentar convencer que a corrupção em nosso país teve data de início
(quando o referido partido assume a presidência da república) e terá sua data
de encerramento decretada quando a sigla PT estiver extirpada dos cenários
políticos nacionais...
Enfim, há quem nisso creia...
Irará não está isolado do restante do
Brasil, ou do mundo. Ao contrário e cada dia mais, se encontra inserido num
contexto mais e mais global e que por isso mesmo torna-se a cada dia palco de
embates, na maioria das vezes ignorados por sua população que não se apercebem
do que ocorre à sua volta.
Assim também ocorre no campo político-eleitoral. Quando votamos em um candidato de determinado partido, isso sinaliza para aqueles que estão no poder que nós apoiamos as suas práticas, com os seus posicionamentos quanto às questões que envolvem as prioridades político-administrativas dos nossos governos. O voto em um ou outro candidato a prefeito, e mesmo vereador, implica, ainda que não tenhamos essa intenção (falta de consciência política), no reforço ao apoio eleitoral a eles, mesmo porque é no município que todos buscam o apoio do eleitorado - o sue voto!!
O momento que vivemos hoje no nosso país é dos mais
graves de sua jovem História e vem se configurando também como dos mais
agressivos em relação à dilapidação de uma grande gama de direitos fundamentais
da pessoa humana, do cidadão, do trabalhador... Nesse sentido, com pesar,
percebemos que a leitura feita no pleito eleitoral municipal (e isso não
ocorreu apenas em Irará) não considerou tais aspectos e, ainda que sem a devida
noção, termina por ratificar tal cenário.
Em outras palavras, o eleitor municipal ao exercer o seu
direito de votar, não parece ter refletido as mudanças graves que veem sendo
implantadas e/ou em andamento por parte do governo (golpista) que usurpou a administração federal e que vem passando
por cima de uma gama de conquistas tão duramente alcançadas nas últimas
décadas, notadamente na última mais recente.
Essa situação não chega a surpreender, pois ela tem sido
plantada com muito afinco pelas elites dominantes dos meios de comunicação e
produtivos, vendendo a ideia de que a política brasileira não tem jeito e que
todos são iguais. Isso ainda reforçado por uma avalanche de informações
distorcidas, parciais e, até, criminosas, que maquiam o nosso cenário político
contribuindo ainda mais fortemente para a completa despolitização da nossa
população. Estratégia que se repete, 50 anos depois daquele 1º de Abril de
1964...
Ao ir às urnas o eleitorado certamente não avaliou a
sinalização apontada pelo recém empossado governo federal (que ali chegou por
meio de uma manobra jurídico-política, um GOLPE)
no sentido de reduzir direitos, congelar salários e investimentos nas áreas da
saúde, educação e assistência social, bem como o abandono à política de
valorização crescente do salário mínimo.
Esse é o pesado custo da nossa incúria política e social.
Da nossa sobrevalorização do capital financeiro em detrimento do capital
social.
Mas, ao término desse processo, ou com o seu
aprofundamento, quem mais irá sentir? Nos ombros de quem cairá o fardo?
Irará ratifica o GOLPE...
Enfim, bola pra frente.
Aguardemos os próximos capítulos.