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Sérgio Cabelera

segunda-feira, 28 de maio de 2012

170 anos...

27 de maio de 2012, Irará comemora seus 170 de Emancipação Política.

Uma data, sem sombra de dúvidas, importante e marcante. Certamente temos muito o que comemorarmos. Mas as nossas lamentações podem superar essas alegrias. Infelizmente...


170 anos é uma data expressiva, indica o quanto temos de História pra contar e, com ela, aprender. Mas como fazê-lo se sequer temos tido a iniciativa de conservar os marcos dessa caminhada que testemunham-na? A foto acima é EMBLEMÁTICA!! Trata-se de um dos personagens principais da clássica "Irará em Revista". Uma peça teatral escrita por Ubaldino de Almeida, o Pitaco, no início dos anos 1940 e encenada na mesma época. Trata-se da "charmosa" Prefeitura. Uma edificação em neoclássico, típico do final do século XIX e início do XX. Podemos observar que outros prédios seguiam o mesmo estilo, o que dava à antiga Rua Direita, aquela contígua à igreja matriz. Ao fundo o Mercado já de pé...
Onde está ela? No chão! Virou apenas vestígios arqueológicos e uma vaga lembrança na memória dos iraraenses que tiveram o privilégio de apreciar-lhe a sua beleza e imponência.
 

Ele é fácil. Trata-se do primeiro coreto de Irará, também do início do século passado. Nesse muitas foram as disputas entre a "19 de Junho" e "Filhos do Progresso", nossas primeira Filarmônicas, fundadas ainda no século XIX. Comparando-se sua arquitetura com o monumento que hoje conhecemos, dá até tristeza...
Na peça de Pitaco, o coreto cumprimenta a prefeitura enquanto acolhe o visitante interiorano que queria conhecer a cidade. É do seu palco que este fica sabendo que Irará tem "Sete Ruas", como nos escrevera o saudoso Jose Aristeu de Araujo.


...Eis que chegamos ao Prédio Juraci Magalhães. Imponente. Ainda hoje resguarda seus traços... Mas observemos o muro...


Desse lugar a gente iraraense se abastecia de água. Daí também surgiu, podemos dizer, a nossa tradicional Lavagem da Purificação, pois era onde se pegava a água carregada em baris no lombo de burros e jumentos para lavar a igreja. É a Fonte da Nação. Parcialmente enterrado nos dias de hoje, ainda podemos rever essa belezinha, basta boa vontade e articulação comunidade/poder constituído (Prefeitura)...


O que dizer dessa imagem... Registro conseguido por fotografia feita da torre da igreja "nova", na ocasião ainda incompleta. Reparemos no casario dessa rua. Dá pra identificar? 
É difícil comentar...


Aqui o Sobrado dos Nogueiras, na década de 1950 quando abrigava O Ginásio São Judas Tadeu. Foi para esse prédio, na década seguinte, que se instalou provisoriamente a Prefeitura quando a antiga foi ao chão para dar lugar ao Banco do Brasil. Permaneceu até o início da década de 1980, juntamente com a Câmara de Vereadores. Por enquanto está de pé. Esperamos que continue e que venha sua restauração.

 

No sítio onde situa-se o Mercado Municipal encontramos o mais doloroso de todos os descasos com nossa História: a derrubada da igreja original de Nossa Senhora da Purificação dos Campos na década de 1930. Na época, como hoje, a desculpa era abrir espaço para o progresso... Esse modelo de "progressismo" até me assusta, afinal um dia, espero, vou ficar velho, enrugado e fora de moda...


Mais uma casa da Rua Direita foi ao chão. Sem dó, nem piedade. Certamente ali será construído um novo prédio com portas de metal, ou mesmo de vidro!, para abrigar um comércio: sinônimo de progresso. Mas que progresso? Aquele que destrói a cultura, os valores, os alicerces de nosso sentimento de pertença? Aquele que desconsidera a memória, assim como o filho que abandona os pais quando estes chegam à velhice,por se tornarem "imprestáveis"?

É algo extremamente oportuno para refletirmos nesse 27 de maio.

E não é só.

Outra triste notícia, relativamente recente, é a alteração na denominação de alguns logradouros da nossa urbe. No caso as praças do Pedrão e a Tancredo Neves. A primeira passaria a chamar-se Amadeu Nogueira. A segunda Maria Bacelar. Duplo absurdo!!! Duplo atestado de ignorância e de desrespeito à nossa história, além de exagerada dose de reconhecimento aos serviços prestados por ilustres personagens da nossa História recente, por um lado, e completa indiferença por outro.


O atestado de ignorância revela-se na absurda intenção da nossa Casa da Cidadania em substituir a denominação de logradouro como a Praça do Pedrão, em absoluto desconhecimento de nossa História e, inclusive, da história do próprio homenageado cuja família é oriunda exatamente de Pedrão - lá nascera seu pai, o intendente Pedro Nogueira Portela. Além disso, Pedrão é parte de nossa Comarca e foi distrito de Irará até 13 de julho de 1962, quando emancipou-se 50 anos trás!!! A homenagem é mais que justa, afinal Amadeu era o administrador do município na passagem do primeiro centenário de emancipação política. Irará está crescendo, são inúmeras as ruas e praças a surgir. Nas proximidades da agência do INSS, implantado em terras que pertenceram à família Nogueira, temos um novo loteamento central e que abrigará uma praça. Porquê não denominar essa praça com o nome de Amadeu Nogueira? Muito mais correto.

O caso da Praça Presidente Tancredo Neves não é muito diferente. É verdade que a relação entre a História de Irará e Tancredo Neves mão das mais afinadas, por isso não vem a ser nenhum absurdo a substituição do logradouro que leva o seu nome por alguém mais presente nos anais da História Iraraense. Entretanto, com todo respeito e consideração que nos merece a "postulante" D. Maria Bacelar, não é, nem de longe, o nosso personagem mais indicado para tal. Mesmo porque, a mesma já é homenageada com uma escola que leva o seu nome! Não seria um exagero mais uma homenagem de tal envergadura? Daqui a dois anos Aristeu Nogueira, personalidade nacional de Irará e autor de quase toda a totalidade da nossa Lei Orgânica estrá completando 100 anos de nascido. Não seria algo mais justo e oportuno? 


Isso sem falar que também será, 2015, o centenário de Fernando Sant'Anna, Deputado Federal Constituinte, Deputado que teve grande influência na vinda da "luz elétrica" para Irará ainda em 1950!, o mesmo que também esforçou-se por se instalar por estas terras uma agência dos Correios e Telégrafos, do Banco do Brasil, das rodovias que nos ligam à capital e à Feira de Santana e tantas outras obras importantes que ainda hoje beneficiam a todos os iraraenses.


Assim é que observamos o quanto nossa Câmara vem prestando seguidos desserviços à gente iraraense e sua memória histórico-cultural. Chegando mesmo a nos envergonhar com determinadas atitudes e comportamentos. Nem quero falar do quase completo desconhecimento da função a que se destina a referida casa!!!

A destruição do nosso patrimônio arquitetônico, o pouquíssimo que  ainda temos, reflete exatamente esse despreparo dos nosso Edis. Enquanto ficam buscando ficar bem na fita com invencionices como a troca de nomes de ruas e praças deveriam se preocupar com a preservação da nossa História, do nosso patrimônio aprovando leis que regulamentem a utilização do solo, as construções no sítio urbano e rural do município além de dispositivos municipais para, não somente a preservação de prédios e ruas e praças,, a regulamentação dessa massa patrimonial iraraense representada por nosso casario dos anos 1910, 1920, 1930..., nossas capelas centenárias, nossos sobrados espalhados pelo município... 




Será que estou querendo muito?

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