Essa greve da PM tem suscitado uma série de postagens, "curtições", "compartilhamentos" de mensagens, vídeos e outras linguagens falando do atual governo, especialmente do Governador baiano Jaques Wagner. Eu só gostaria de recordar uma postagem nossa de 2009 que, infelizmente, continua em pauta e, como as negociações de grevistas e governo, sem qualquer avanço.
Não basta - ou será que basta? - twittarmos, comentarmos, reenviarmos... seja lá o que fizermos, enquanto não refletirmos o que segue:
De que adianta um novo governo...
Um novo ano se inicia e com ele nossas expectativas renovam-se, especialmente por esse marcar também o início de um novo governo municipal. Com o raiar de um novo ano, planos são traçados, sonhos alimentados com a mais intensa vibração positiva, muitas vezes, na verdade quase sempre, até esquecemos que tais planos podem não vir a vingar permanecendo na dimensão mental apenas…
Um ano velho, como é próprio dos velhos, sempre deixa para o novo, lições valiosas. 2008 fora generoso para com o seu sucessor, 2009.
Existe uma infinidade dessas lições que são demasiado particulares e outra grande gama situada na esfera coletiva e que apontam para a necessária mudança de atitude por parte dos atores da vida social e política de cada rincão planetário.
Cada uma dessas lições aponta para uma atitude particular e individualizada que, em sua soma, compõe o coletivo. Assim, a simples mudança de ano não traz melhores dias. Também as mudanças dos gestores municipais não transformam, num passe de mágica, a realidade de município algum o que significa dizer que todos somos responsáveis pela mudança que tanto desejamos. E observemos que são lições que acompanham gerações inteiras!
Dentre as situações que nos ajudam a perceber melhor tal lição, uma é a educação. Nos acostumamos a imputar aos chefes políticos de um modo geral, a responsabilidade pelo andamento insatisfatório da educação pública brasileira, mas sejamos sinceros: Quantos políticos estão em sala de aula levando o conhecimento às nossas crianças e nossos jovens? Quantos são os políticos nossos que têm seus filhos na escola pública? Assim, quem de fato pode promover as mudanças nesse setor tão crucial são os atores que dele fazem parte, não dá mais para jogar a bola da responsabilidade para quem não está participando do embate…
Aliás, o fato da quase inexistência de filhos dessa parcela social na escola pública denuncia uma contradição que ultrapassa a vida social e política, atingindo a dimensão espiritual-religiosa, nós que somos filhos de tradição cristã e que traz como um de seus principais elementos doutrinários o ensinamento Crístico do FAZER PARA O OUTRO AQUILO QUE GOSTARÍAMOS QUE ELE NOS FISESSE. Em outros termos: se não serve para mim, igualmente não serve para o meu próximo. Cabe-nos resolver se Aquele a Quem chamamos CRISTO merece ou não consideração, ou será que não devemos misturar religiosidade com a vida cotidiana?
A educação é um exemplo ímpar, porque ela influi em todos os outros setores da vida humana. A educação, esse instrumento de transformação da realidade, quando vista com o devido respeito por cada indivíduo da sociedade, é capaz de resultados, à primeira vista, inacreditáveis – tal resultado só é possível por conta do desconhecimento do poder que detém a educação.
Como perceber a influência da educação no nível da qualidade de vida dos milhares de municípios pobres espalhados por todo o hemisfério, vítimas da manipulação praticada pelos detentores dos instrumentos educacionais que o fazem com o objetivo único de manterem-se à frente do processo, comandando-o, impedindo que se percebam as diversas possibilidades de libertação existentes ao alcance nosso.
Por acaso, não é novidade que uma sociedade bem educada gera um corpo social mais saudável, com menor índice de doenças tão comuns, e mortais, como a famosa dengue, alimentada pela inadequada assepsia de quintais e terrenos abandonados por proprietários e/ou responsáveis. Como negar a importância da educação no contorno dessa realidade cíclica de todos os verões brasileiros. Aliás, vale reforçar a lembrança, que poucas são as pesquisas desenvolvidas por laboratórios de ponta (do chamado primeiro mundo) dedicados ao combate desse tipo de doença – característico das áreas periféricas do sistema, onde moram os menos favorecidos econômica e educacionalmente.
A educação de qualidade implica numa qualificação do tecido social. Esse tecido é que tornará o ambiente social mais amigável, civilizado, menos manipulável…
Mas afinal de contas, será que estamos interessados na construção desse tipo de sociedade, onde o famoso “jeitinho” dará espaço ao realmente correto e justo? Onde os chamados “bons contatos” abrem portas, liberam multas de trânsito, passam por cima de direitos, desconsideram os mais elementares conceitos democráticos?
Não há governo bom quando os governados não sabem distinguir um do outro senão pela troca de favores. Vejamos os vereadores e deputados eleitos. Quantos e quantos não conseguem sua eleição tendo por base o comércio que fazem com a saúde dos menos esclarecidos, que os elegem na esperança de que lutem pela melhoria da saúde pública, sem perceberem que isso põe em risco suas respectivas eleições.
O mais necessário portanto, não é um novo governo simplesmente, mas um novo eleitorado, ciente de suas obrigações para exigir do governante o cumprimento do seu papel, SEM TROCA DE FAVORES!!!
2 comentários:
Olá Sérgio
Esse episódio dos PMs da Bahia a cada dia que passa se encaminha para um desfecho perigoso, pelo que estou acompanhando nos noticiários.
Acredito que já ultrapassou os limites das reinvidicações salarias para uma disputa de egos e poder...enfim.
Que vença o bom senso.
Quanto ao artigo que escreve sobre os Governos, educação e governados - esse câncer eleitoral não é exterminado no Brasil! Pelo contrário a cada Governo, cada eleição se repete o mesmo dilema, as mesmas mazelas o povo na mesma cantilena de que ninguém presta então "vamos votar no que nos ajuda".
Aqui na minha cidade e na minha rua tem 3 vereadores que no momento de campanha vieram na minha porta pedir votos..
Naquele alvoroço todo que eles fazem com comitivas e tudo o mais eu cobrei mais limpeza e melhorias, a todos 3 que passaram por aqui e nada mudou - eu disse isso a eles, que eles não faziam nada!
Então, em todo o lugar, raros são os que entram na politica pelo povo, infelizmente. É desanimador, frustrante a gente sempre com o mesmo discurso.
Só os mais fortes lutam na esperança de que o povo acorde, se valorize e aprenda o que é ter reforma e educação para que as escolhas recaiam em quem realmente os defenda e ajude.
Abraços Sérgio.
Pois meu caro, mas para se fazer um "novo eleitorado" talvez se precise da vigência de novos governos... mas quando a práticas são velhas, complica. Volta-se à questão: O ovo ou a galinha? Abs!
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