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Sérgio Cabelera

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Crônicas Carobenses - A verdade dói

Rapaiz... qui trabai damiséra é esse??!!!
Cuma é qui adispois de mais de trinta ano, me vem essa história de Terra toda Plana!??
Inda bem qui mi avisaro a tempo... Já pensô? adispois de morrê discubrir um miserê desse?!!! Discubri qui num tem baxa do alambique, num tem ladera do Jardin, do Manã...

Inda bem mermo!! prumode quê ansim vaguear puraí fica mais aliviado, sem ribancera, sem ladera...

Só tô retado cum a fessora de jografia... Miseravi mi’inganô direitchin!!!!

A isperança é a última que morre

Num sei vosmiceis, mai ieu vô sentar i ficar escuitano... Vai qui o moço resorve fazê argu’a coisinha... Vai qui ele tem um pico de arremedo de tontiça às aveça e acerta...

Antonce, deixa eu ficar aqui assuntano os dizê e as maluquice...

Vai que o rapaiz acorda do sonho e resorve, ele mermo, ser prisidente de verdade, sem brincadera!!!!?

Vai qui ele tuma gôsto pelo trabai, mermo adispois de trinta ano?!!

Vai qui, né...

Quem agarante?

segunda-feira, 11 de março de 2019

O empréstimo



Rosalino Perneta alcançara os círculos da morte, em falência integral. Extrema bancarrota. Perdera todas as ricas possibilidades que o Senhor lhe colocara nas mãos. Estava sozinho, sob o látego do remorso e do sofrimento. 

Por anos longos viveu assim o desventurado, chorando os dias perdidos e implorando a concessão de oportunidades novas. 

Os lustros sucediam-se uns aos outros, quando Sizínio, velho amigo espiritual, veio ao encontro dele, fazendo-se-lhe visível. 

Rosalino caiu-lhe aos pés, em soluços.  

- Meu abençoado amigo – clamou em lágrimas -, por que tamanha desdita? Vivo num inferno de sombras e padecimentos incríveis. Onde está Deus que se não compadece de minha miserabilidade? 

Sizínio contemplou-o, paternalmente, e observou: - Não, Perneta. Não te lastimes de semelhante modo. Antes de tudo, recorda os próprios erros e lava o coração nas águas do arrependimento. Não atendeste aos deveres humanos, não cultivaste o campo da espiritualidade enobrecida, mergulhaste a alma em verdadeiro banho de lodo. Que fazer, agora, senão suportar a reparação com paciência? Tem confiança e solidifica os bons propósitos. 

O infeliz tentou enxugar o pranto copioso e, depois de outras considerações, alusivas ao passado, interrompidas pelas advertências e frases consoladoras do amigo espiritual, Rosalino terminou: 

- Ah! Se eu pudesse voltar!... se eu pudesse renascer!... 

E, fixando no benfeitor o olhar dorido, acentuava: 

- Sizínio, meu grande irmão, não poderias obter-me a oportunidade nova? Auxilia-me, por piedade... 

Intensamente comovido, o interlocutor prometeu ajudá-lo no que estivesse ao seu alcance. 
E, com efeito, em breve Sizínio regressou à sombria furna, trazendo esperanças novas. 

Rosalino recebeu-o, radiante. - Perneta – disse o amigo generoso -, sabes que o aval é ato grave para quem lhe assume a responsabilidade. 

- Sei, sim – respondeu o misero. 

E o benfeitor prosseguiu: 

- Não ignoras também que, por enquanto, não tens direito a reclamação alguma. 

- Reconheço. 

- Desconsideraste as oportunidades divinas, menosprezaste a família, o trabalho, o corpo físico...

- Tudo é verdade – gemeu o infeliz. 

- Pois bem – continuou a entidade amiga -, não encontrei nenhuma expressão valiosa em tua existência última, na qual me pudesse basear, a fim de pedir alguma coisa em teu nome. Em razão disso, não somente reforcei tuas súplicas, como também solicitei um empréstimo para a tua experiência nova. Há na terra grande movimento de restauração do Evangelho, renovando esperança e redimindo corações. Terás nele humilde e valiosa posição de trabalhador e ensinarás, no plano dos encarnados o caminho justo aos necessitados da esfera visível e invisível. Entretanto, meu caro, o serviço não será fácil, porque não se resumirá a questão de palavras. Serás constrangido a viver o ensinamento em ti mesmo, não atenderas aos caprichos próprios, não procuraras o contentamento da ilusão, mas sim, atenderas a tudo o que representa interesse de Jesus, no circulo das criaturas. Deves muito aos homens e encontraras no empréstimo a que me refiro os recursos indispensáveis ao pagamento. 

Rosalino ouvia feliz. 

- Recomendo, com insistência – acentuou Sizínio, criterioso -, não esqueças a tua condição de devedor. O lar, o carinho dos teus, a benção materna, a saúde física, o ambiente de trabalho, o pão cotidiano, o campo de testemunho cristão e todas as demais possibilidades constituirão o precioso deposito do Senhor em caráter experimental às tuas mãos, porque não dispões ainda do justo merecimento. Recorda que vais movimentar um patrimônio que te não pertence por direito e que receberás, por bondade de Jesus, semelhante concessão a titulo precário. Vê como te comportas!... 

Prometeu Rosalino fiel observância ao compromisso. 

Fez cálculos, expôs o que pensava do futuro e até marcou o tempo de materializar no mundo as promessas que formulava entusiasta, com o grande otimismo do devedor, à fonte de recursos novos. 

Sizínio mobilizou as medidas necessárias e o amigo teve a felicidade de renascer junto de pais cristãos que, desde o berço, lhe forneceram sublimes notícias do Cristo. 

Perneta, no entanto, nas primeiras recapitulações, demonstrou a maior teimosia e a antiga má-vontade. 

Não valiam lições de Jesus no Evangelho, conselhos paternais e sugestões superiores e indiretas de Sizínio que o acompanhava, solicito, do plano espiritual. Apesar de advertido, assistido e guiado, Perneta não queria saber de problemas fundamentais do destino. 

Apossara-se novamente da vida terrestre, como o fauno sequioso de prazer na floresta das emoções planetárias. 

Convidado ao serviço de espiritualização, não respondeu à chamada, alegando que os pais cometiam a loucura de se devotarem ao bem dos outros. Dizia-se incompreendido, inadaptado e, se alguém o compelia a raciocínios mais lógicos, reportava-se à escassez de tempo e à falta de oportunidade.  

Voltou vagarosamente aos mesmos erros criminosos de outra época. Casou-se, foi esposo e pai, mas nunca se rendeu, de fato, às obrigações do lar, junto da esposa e dos filhos. 

Borboleteava à procura de sensações que lhe saciassem a vaidade. 

Quando alguma voz amiga se referia à espiritualidade, esquivava-se ao assunto, apressado. Não pretendia cogitar de assuntos referentes à religião, à morte, ao “outro mundo” – dizia, enfático e orgulhoso. 

Sizínio, vigilante, desvelara-se no sentido de chamá-lo aos compromissos assumidos; no entanto, tão grandes faltas perpetrara Rosalino, que, ao atingir ele os quarenta e cinco anos, outros amigos espirituais da família que o recebera, generosamente, começaram a reclamar providencias ativas. Em vão se movimentou o avalista, no propósito de acordá-lo para as realidades essenciais. Perneta, porém, não respondia satisfatoriamente. Declarava-se muito bem, desenvolvendo embora a longa serie de disparates. 

A experiência, todavia, chegava ao fim. 

Em virtude da rebeldia e da ingratidão de Rosalino, os superiores espirituais intimaram Sizínio a retirar o empréstimo concedido. Não obstante a amargura, o velho amigo foi obrigado a obedecer. 

O avalista iniciou o trabalho, alimentando, ainda, a esperança de que o companheiro despertasse. 

Operou devagarinho, ansioso de observar-lhe alguma reação benéfica, mas o desventurado não sabia revoltar-se e ferir. 

Primeiramente, a esposa de Perneta foi chamada à vida espiritual; em seguida, os filhinhos separaram-se de sua companhia. A casa em que se lhe situara o ninho domestico foi a leilão para pagamento de vultosas dividas. Perdeu, mais tarde, o emprego e a consideração dos amigos. Os bens emprestados foram sendo recolhidos por Sizínio lentamente. 

Rosalino, porém, não mostrava qualquer sinal de renovação. 

Foi irredutível na maldade, na ingratidão, na blasfêmia. 

Por fim, o avalista retirou-lhe a ultima concessão, que era a saúde física. 

No leito humilde de hospital, reconsiderou Perneta a situação, refletiu com mais clareza nas bênçãos de Deus e meditou na eternidade, desejando voltar no tempo, mas ... era tarde. 

Não valeram rogativas e prantos. 

Em manhã muito fria, absolutamente isolado de todos, apartou-se do corpo de carne, premido pelas exigências da morte. 

Recomeçou para ele, então, o angustioso caminho. 

Recordou o empréstimo, a dedicação do benfeitor, os compromissos anteriores, a bondade que o cercara em todos os instante, no transcurso de sua experiência na terra. Implorou a presença da esposa, nas densas trevas de que se rodeava, mas o silencio inalterável era a única resposta às suas suplicas. Não obstante envergonhado, rogou a visita de Sizínio, mas o benfeitor, agora, parecia inacessível. 

Desdobraram-se muitos anos, quando, um dia, o amigo dedicado se fez visível, novamente. 

Sizínio! Sizínio! – gritou Perneta, em lagrimas dolorosas – ajuda-me! Compadece-te de mim! Estende-me as tuas mãos, nobre amigo! Perdoa-me e atende-me! 

E, antes que o velho companheiro respondesse, desfiou o rosário das justificativas, das reclamações, dos remorsos e desculpas. 

Quando terminou, em soluços, o protetor fixou nele o olhar muito lúcido e asseverou: 

- Por enquanto, Rosalino, ainda não paguei todas as consequências do empréstimo que te foi concedido e do qual fui espontaneamente avalista. Tuas lágrimas, agora, não me sensibilizam tão fortemente o coração. Ofereci-te o suor que salva, mas preferiste o pranto que lamenta. Pede, pois, ao Senhor que te renove a esperança, porque, para voltar ao empréstimo contraído, é muito tarde!...

Pelo Espírito Irmão X Do livro: Pontos e Contos Médium: Francisco Cândido Xavier





domingo, 28 de outubro de 2018

O Amanhã é uma possibilidade


O Brasil avança em conquista de maturidade enquanto Nação e, mais ainda como Democracia.

Vencemos mais um pleito eleitoral, no qual, em diversos momentos, a própria Democracia se viu agredida e até negada...

Inegavelmente percebemos um país fortemente dividido...

O resultado extraído das urnas (nesse momento em nada questionadas) reflete mais que um resultado eleitoral. Ele deveria expressar o traçado para os dias vindouros. Mas não...

A luta prossegue e precisa prosseguir!!! Encerramos um pleito eleitoral no qual o que vimos e assistimos foi uma campanha da falsa notícia, da anti-notícia, da falsa informação ou sub-informação ou ainda da deturpação da informação... Uma campanha em que venceu a Não-Política, a não apreciação de propostas e também de necessidades. Aqui me recordo do que nos ensina Aristóteles em sua obra A Política: 

(...) *a república ou politia, isto é, o governo popular que cuida do bem de toda a cidade. (Não nos esqueçamos que cidade aqui era o Estado como um todo).

Portanto o que vimos foi uma campanha onde não se refletiu o bem de toda a cidade. Uma campanha que chega ao fim e o eleitorado não sabe ao certo qual foi o programa eleito, quais as principais diretrizes que guiarão os passos de um país para os próximos quatro anos. Uma campanha da qual quem foi eleito negou-se a fazer política; DEBATER!

Pior que isso, estamos diante de uma legitimação de discursos absurdamente anti-humanos; diante da legitimação da exaltação à tortura e à intolerância; diante de uma maioria que preferiu legitimar o discurso pró-armas, embora seu executor se coloque como alguém pró-vida...

Isso tudo é pior, porque comprova que nos encontramos em um momento da humanidade em que a criatura humana tem bem menos valor que as posses e que, na defesa destas, são sobrepujadas, postas ao largo da História tal qual a narrativa do Bom Samaritano, registrada em Lucas 10:25-37, qual aqueles que deveriam dar testemunho do que pregavam, passam ao largo de quem se vê açoitado à margem do caminho...

Mas a História do mundo cristão é repleta de episódios outros em que, em nome do Evangelho de Paz e de Amor, de Acolhimento, cometeram-se barbáries as mais terríveis. barbáries que ainda estamos distantes de superá-las...

Reafirmo que a luta necessita prosseguir. bem como a confiança no amanhã. Peço a Deus e a Seus Emissários que sejamos todos (pseudo vencedores e pseudo perdedores) capazes de corrigir nossos erros e permanecer trilhando o caminho da política proclamada por Aristóteles 300 a.C., buscando o bem comum acima dos particulares e exercendo essa arte em favor da humanidade, como preconiza o Evangelho. 

Peço ainda a Deus que os discursos de extermínio, de perseguição de negação de direitos básicos como a terra e a moradia, entre outros tantos discursos absurdos realizados por Jair messias Bolsonaro, não tenham passado de bravatas eleitoreiras com fins marqueteiros para impressionar multidões enceguecidas e famintas de por barbaridades , ainda que tão somente verborrágicas.

Avante Brasil!!! Avante, a luta não pode cessar. Nenhum presidenciável eleito poderá construir o futuro que queremos se cada um de nós não fizer a sua parte, não der a sua contribuição. 

O Brasil somos todos nós que lutamos todos os dias e que sofremos as dificuldades que sabemos, mas que não desistimos.

Avancemos juntos!!! Nos abracemos juntos e reforcemos em nosso caminhar os gestos humanitários exemplificados no caminho entre Jerusalém e Jericó e reforçados por Paulo, o Apóstolo dos Gentios em sua 1ª Carta aos Corintios, cap. 13**:

1 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.
3 E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.
4 O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.
5 Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;
6 Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;
7 Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8 O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;
9 Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;
10 Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
11 Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
12 Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.
13 Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

A mensagem do Cristo e o mundo cristão



O Brasil se insere no mundo contemporâneo como um país composto por uma sociedade majoritariamente adepta do cristianismo. Portanto, uma sociedade que preconiza os preceitos defendidos por Jesus, o Nazareno Galileu.

Observando o contexto atual no qual nos encontramos, notadamente no Brasil, quanto aos valores humanos e ainda mais, os espirituais-cristãos, confesso que me vi acometido de certo espanto, talvez até medo...

Digo isso por observar a distância que se vê entre os valores propostos por Jesus em seu Evangelho (Boa Nova) e aqueles que se têm propagados nesse período eleitoral sob o tecido do seu pseudo público seguidor.

Refletindo a respeito desse aparente contraste, me ocorreu fazer uma breve viagem na História da Humanidade Cristã.

 
 
Primeiramente lembrei-me da ação de Constantino, no ano 313 d.C. imperador romano que, para garantir uma maior sobrevida do seu império, emitiu o Édito de Milão para instituir a tolerância religiosa dentro do império, ação que finalmente pôs fim às perseguições sofridas pelos adeptos do Cristianismo. Essa jogada política ocorreu em Niceia.
 
Nesse contexto, porém, Constantino não descuidou de fazer exigências a seu favor e desde então passou a interferir assiduamente nas decisões do clero de então. Essa decisão do imperador fez aumentar sobremaneira a mistura de crenças antigas com aquelas dos cristãos primitivos. Algo que ainda hoje persiste.

Em 27 de fevereiro de 380, agora em Constantinopla, foi a vez do imperador bizantino Teodósio 1º (347-395) promulgar um decreto declarando o cristianismo religião oficial do Estado Romano e punindo o exercício de cultos pagãos. Mais uma canetada com o mesmo fim político: esticar a existência do maior império que a humanidade conheceu.

Assim os ensinos do Cristo foram sendo “inchertados” com outros tantos afim de serem amoldados aos interesses políticos e temporais, distanciando-se cada vez mais daquilo que realmente o taumaturgo da Galileia nos deixou como ensinamentos.

Dando sequência a tais distorções, vamos experimentar durante os 1000 anos de escuridão da Idade Média as Jihad’s cristãs contra o infiel muçulmano por meio das 8 Cruzadas, que matava, estuprava, roubava e perseguia em nome do Cristo, inclusive tendo uma, em 1212, infantil (embora existam controvérsias). Atitudes diametralmente opos-tas aos preceitos de AMOR ao próximo regis-trados por todos os autores dos evangelhos, inclusive os apócrifos.

Mas não paramos por aí, quanto às distorções dos ensinamentos de Jesus, o Cristo. Vieram também as vendas de indulgências que tanto corromperam os ensinos do nazareno, ao ponto de membros da própria igreja romana passarem a criticar duramente tal prática, culminando na publicação em 31 de Outubro de 1517, por Martinho Lutero afixando na porta da capela de Wittemberg suas 95 teses que resultaram no surgimento do protestantismo, era a Reforma Protestante. Tal gesto do teólogo alemão, foi respondido com mais força e perseguição às suas “ideias heréticas” e punidas, inclusive com processos inquisitoriais finalizados com a condenação à morte, na forca, na fogueira... O amor, mais uma vez era deixado de lado.

Durante o Mercantilismo (do século XIV ao XVIII), as nações cristãs foram exatamente aquelas que invadiram o continente africano e escravizaram seres humanos, tratando-os como não-humanos. Quanto aos indígenas, especialmente os da América Portuguesa, lançou-se sobre eles a famigerada “guerra justa”...

Avançando nos séculos, chegamos ao ano de 1929.

Desde 1922 sob o governo fascista de Benito Mussolini O Estado da Cidade do Vaticano nasceu a 11 de Fevereiro de 1929 (ratificação a 7 de Junho desse ano), na sequência dos Acordos (Tratado de) Latrão, assinados entre a Santa Sé e o Reino de Itália, no caso entre o Papa Pio XI e Benito Mussolini, chefe do Governo fascista italiano. A ascensão de Hitler ao poder teve, no campo diplomático, o auxílio do papado...

Durante os Regimes Ditatoriais da América Latina, notadamente no Brasil, Argentina e Chile, predominou o silêncio das mais diversas correntes do cristianismo com bem poucas exceções.

São páginas terríveis da história do cristianismo. Páginas que demonstram, sem equívoco, como a verdadeira mensagem do Cristo vem sendo negligenciada, alterada e vilipendiada por tantos que se dizem seguidores seus.

Por fim, deixo-vos o pensamento de um dos grandes mestres da teologia e também filósofo, HUBERTO ROHDEN que nos esclarece a respeito do Cristo e do Cristianismo em seu opúsculo QUE VOS PARECE DO CRISTO: A verdadeira mensagem do Cristo é perfeitamente compatível com a mais alta evolução cultural da humanidade – mas não com as nossas teologias cristãs.

Ainda o mesmo autor nos informa:


Mahatma Gandhi respondia a todos os missionários cristãos que o queriam converter: “Aceito o Cristo e seu Evangelho, não aceito o vosso cristianismo”.

Albert Schweitzer, teólogo cristão e filho de um ministro evangélico, escreveu:

“Nós injetamos nos homens o soro da nossa teologia, e quem é vacinado com o nosso cristianismo está imunizado contra o espírito do Cristo.

Abraham Lincoln, um dos maiores presidentes dos Estados Unidos, nunca se filiou a nenhuma das muitas igrejas cristãs que há nesse país, porque estava à espera da igreja do Cristo.

Por que esta discrepância entre Cristo e cristianismo, da parte de pessoas espirituais e sinceras?

Porque é impossível identificar o Cristo com alguma organização religiosa; qualquer tentativa destas é necessariamente uma deturpação e uma falência.

E finalmente nos vemos obrigados, diante do que assistimos, a também concordar com ele ao registrar na mesma publicação: Damos plena razão a Nietzsche que, no princípio deste século, escreveu: “Se o Cristo voltasse ao mundo em nossos dias, a primeira declaração que faria ao mundo cristão seria esta: Povos cristãos, sabei que eu não sou cristão”.

domingo, 9 de outubro de 2016

Nas urnas, Irará Ratifica o GOLPE



            As Eleições Municipais 2016 imprimem grandes lições Brasil afora. Incluindo-se Irará.

A vitória eleitoral conquistada pelo candidato do DEM (25), Juscelino Souza, surpreendeu grande parte, quiçá a maioria, dos cidadãos e cidadãs iraraenses, inclusive correligionários seus. A tensa apreensão defronte ao Fórum Cândido Viana durante a apuração mostrava isso.

A eleição de 2016, em Irará, me recordou, e muito, aquela do ano 2000 quando o candidato eleito então (MARITO) era tido como inequivocamente derrotado. Ao final deu-se o contrário e apenas quatro anos mais tarde ele sairia derrotado nas urnas.

Vale aqui lembrarmos algumas coisas desses pleitos.

Primeiro, recordemo-nos de que no ano de 1996, final do segundo mandato do querido e respeitado Chico de Beto, o discurso da campanha oposicionista era que Irará precisava mudar, romper o ciclo de dobradinhas Chico-Marito-Chico, iniciado ainda com João Lopes que passou a cadeira para Chico e que tinha em Marito um eficiente operador político e contábil.

Pois bem, naquela conjuntura de 96 surge um grupo idealista formado por jovens empresários locais, filhos da terra, denominado Grupo Renova. Desde então as campanhas eleitorais da terra da farinha nunca mais foram as mesmas, há inclusive os que chamam aquela eleição de Antônio Campos, o homem do campo, como a última campanha “romântica” de Irará. Desde lá, esse mesmo grupo já fez três prefeitos e, como em 2000, sai derrotado nas urnas em 2016.
        Mas precisamos ir além desse contexto local e avançar em direção a questões nacionais que envolvem o mais que controverso processo do impeachment e, atrelada a ele, a, não menos contraditória, operação Lava Jato que só tem olhos e mecanismos de investigação, prisão e criminalização para uma pequena parcela dos partidos políticos brasileiros, notadamente o Partido dos Trabalhadores. O mesmo se dá com relação aos denunciados e punidos, quase em sua totalidade oriundos dessa mesma sigla. Parece nos tentar convencer que a corrupção em nosso país teve data de início (quando o referido partido assume a presidência da república) e terá sua data de encerramento decretada quando a sigla PT estiver extirpada dos cenários políticos nacionais...

        Enfim, há quem nisso creia...

        Irará não está isolado do restante do Brasil, ou do mundo. Ao contrário e cada dia mais, se encontra inserido num contexto mais e mais global e que por isso mesmo torna-se a cada dia palco de embates, na maioria das vezes ignorados por sua população que não se apercebem do que ocorre à sua volta.

Assim também ocorre no campo político-eleitoral. Quando votamos em um candidato de determinado partido, isso sinaliza para aqueles que estão no poder que nós apoiamos as suas práticas, com os seus posicionamentos quanto às questões que envolvem as prioridades político-administrativas dos nossos governos. O voto em um ou outro candidato a prefeito, e mesmo vereador, implica, ainda que não tenhamos essa intenção (falta de consciência política), no reforço ao apoio eleitoral a eles, mesmo porque é no município que todos buscam o apoio do eleitorado - o sue voto!!

O momento que vivemos hoje no nosso país é dos mais graves de sua jovem História e vem se configurando também como dos mais agressivos em relação à dilapidação de uma grande gama de direitos fundamentais da pessoa humana, do cidadão, do trabalhador... Nesse sentido, com pesar, percebemos que a leitura feita no pleito eleitoral municipal (e isso não ocorreu apenas em Irará) não considerou tais aspectos e, ainda que sem a devida noção, termina por ratificar tal cenário.

Em outras palavras, o eleitor municipal ao exercer o seu direito de votar, não parece ter refletido as mudanças graves que veem sendo implantadas e/ou em andamento por parte do governo (golpista) que usurpou a administração federal e que vem passando por cima de uma gama de conquistas tão duramente alcançadas nas últimas décadas, notadamente na última mais recente.

Essa situação não chega a surpreender, pois ela tem sido plantada com muito afinco pelas elites dominantes dos meios de comunicação e produtivos, vendendo a ideia de que a política brasileira não tem jeito e que todos são iguais. Isso ainda reforçado por uma avalanche de informações distorcidas, parciais e, até, criminosas, que maquiam o nosso cenário político contribuindo ainda mais fortemente para a completa despolitização da nossa população. Estratégia que se repete, 50 anos depois daquele 1º de Abril de 1964...

Ao ir às urnas o eleitorado certamente não avaliou a sinalização apontada pelo recém empossado governo federal (que ali chegou por meio de uma manobra jurídico-política, um GOLPE) no sentido de reduzir direitos, congelar salários e investimentos nas áreas da saúde, educação e assistência social, bem como o abandono à política de valorização crescente do salário mínimo.

Esse é o pesado custo da nossa incúria política e social. Da nossa sobrevalorização do capital financeiro em detrimento do capital social.

Mas, ao término desse processo, ou com o seu aprofundamento, quem mais irá sentir? Nos ombros de quem cairá o fardo?

Irará ratifica o GOLPE...

Enfim, bola pra frente.


Aguardemos os próximos capítulos.

Crônicas Carobenses - A verdade dói

Rapaiz... qui trabai damiséra é esse??!!! Cuma é qui adispois de mais de trinta ano, me vem essa história de Terra toda Plana!?? Inda...